JORNAL TOCANTINS

Tocantins em Alerta: Violência no Trânsito Ceifa Mais de 600 Vidas em um Ano

O Tocantins enfrenta uma epidemia silenciosa que deixou marcas profundas em 2024: a violência no trânsito. Dados recentes revelam que mais de 600 pessoas perderam a vida em acidentes nas rodovias e vias urbanas do estado, um número que equivale a quase duas mortes por dia e acende um sinal de alerta sobre a urgência de políticas públicas mais eficazes.

Os números impressionam pela magnitude, mas escondem histórias pessoais de dor e perda. Por trás de cada estatística, há famílias despedaçadas, sonhos interrompidos e um rastro de sofrimento que permanece muito depois que os destroços são removidos. “Perdi meu filho de 19 anos em uma colisão frontal. Ele era minha vida, meu futuro”, relata uma mãe que integra o crescente movimento de vítimas que exigem mudanças.

Análise do Cenário Crítico
Especialistas apontam três fatores principais para essa tragédia contínua:

  1. Infraestrutura Deficiente: Rodovias mal conservadas e sinalização inadequada em trechos perigosos

  2. Comportamento de Risco: Excesso de velocidade, ultrapassagens proibidas e mistura de álcool e direção

  3. Fiscalização Insuficiente: Operações de controle muitas vezes esporádicas e concentradas em poucos locais

As rodovias TO-050 e TO-080 aparecem como os trechos mais letais, com registro de mortes em mais de 40% dos acidentes graves. Nas áreas urbanas, Palmas lidera o ranking municipal, seguida por Araguaína e Gurupi.

Vítimas com Rostos
Do total de óbitos:

  • 58% eram condutores de motocicletas

  • 22% ocupantes de veículos leves

  • 15% pedestres

  • 5% ciclistas

“Os motociclistas são as principais vítimas, e isso reflete a falta de políticas efetivas para proteção desse grupo”, analisa um especialista em segurança viária.

O Custo Humano e Econômico
Além das vidas perdidas, os acidentes geraram:

  • Mais de 2.000 pessoas com sequelas permanentes

  • Custo superior a R$ 300 milhões ao sistema de saúde

  • Perda de 45.000 dias de trabalho

Esperança no Horizonte?
Diante da crise, algumas iniciativas começam a surgir:

  • Programa estadual de educação no trânsito nas escolas

  • Modernização de trechos críticos da TO-050

  • Campanha permanente contra álcool e direção

“No trânsito, não há acidente sem causa. Cada morte poderia ter sido evitada”, reflete um agente da PRF com 15 anos de experiência.

Enquanto isso, as famílias das vítimas seguem esperando que suas perdas sirvam para conscientizar a sociedade. “Não quero que outras mães passem por isso”, diz dona Maria, que perdeu o filho. Sua dor, como a de centenas de outras famílias, é o preço mais alto dessa guerra silenciosa que o Tocantins precisa urgentemente aprender a vencer.

O desafio que se impõe é claro: transformar essas estatísticas assustadoras em um marco de mudança. Pois no trânsito, como na vida, cada número tem nome, história e um lugar vazio que nunca mais será preenchido.