Remédios em pauta: os efeitos adversos possíveis da sertralina e da pregabalina
Dois medicamentos bastante utilizados no tratamento de transtornos como ansiedade e depressão — a sertralina e a pregabalina — ganharam atenção recente por causa de relatos de efeitos colaterais graves associados a seu uso. A análise desses remédios evidencia que, embora sejam considerados seguros na maioria dos casos, há um conjunto de reações adversas conhecidos e documentados que devem ser levados em conta por quem os utiliza.
A sertralina é um antidepressivo da classe dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), frequentemente prescrita para depressão, transtornos de ansiedade, pânico, fobias e outros distúrbios psiquiátricos. Com o aumento da disponibilidade de serotonina no cérebro, o medicamento pode restabelecer o equilíbrio emocional, melhorar o humor e reduzir sintomas como tristeza intensa, apatia e inquietude. Contudo, essa regulação química nem sempre é isenta de inconvenientes: entre os efeitos adversos mais comuns estão insónia, tontura, dor de cabeça, náusea, diarreia, dor de estômago, alterações de apetite, sonolência, tremores, agitação, sensação de fadiga, e alterações no desejo ou função sexual. Para alguns pacientes, podem surgir também sintomas mais intensos como agitação psíquica, confusão mental e, em casos raros, alucinações ou comportamentos agressivos.
Já a pregabalina — medicamento anticonvulsivante e ansiolítico usado no tratamento de dores neuropáticas, epilepsia, ansiedade generalizada e outras condições — apresenta perfil distinto de reações adversas. Entre as manifestações mais frequentes estão tontura e sonolência, o que pode comprometer a coordenação motora e a atenção. Outros efeitos relatados incluem visão turva, dificuldade de concentração, boca seca, inchaço, aumento de peso, fraqueza, fadiga, alteração na libido, além de desconfortos como dores musculares, câimbras ou alterações gastrointestinais. Em situações mais graves, podem ocorrer distúrbios de memória, confusão, alucinações, desorientação, alterações de humor e, em alguns casos, redução da coordenação motora e da clareza mental — o que reforça a necessidade de acompanhamento médico cuidadoso.
Quando os dois fármacos são usados em conjunto, as chances de que efeitos adversos apareçam — mesmo que raros — tendem a ser maiores ou mais complexas, especialmente em pessoas com histórico neurológico, vulnerabilidades psiquiátricas ou em uso de outros medicamentos que atuem no sistema nervoso central. Nessas circunstâncias, a sobreposição dos efeitos sedativos da pregabalina com os da sertralina pode intensificar sintomas como sonolência, confusão mental, alterações cognitivas e distúrbios de humor.
Para os profissionais de saúde, o uso dessas medicações exige monitorização rigorosa: é fundamental avaliar, desde o início, a resposta individual do paciente — tanto em termos de benefício terapêutico quanto de tolerância aos efeitos adversos. Sintomas como desorientação, confusão, alterações de percepção, sono excessivo ou redução brusca da lucidez merecem atenção imediata. Em alguns casos, pode ser indicado ajustar a dose, espaçar a administração ou mesmo interromper o uso, sempre sob orientação especializada.
Em última análise, a existência de efeitos colaterais conhecidos não desqualifica a importância da sertralina e da pregabalina no tratamento de transtornos mentais e dores crónicas. Mas reforça que, como em qualquer intervenção terapêutica, o equilíbrio entre benefício e risco deve ser cuidadosamente avaliado — com diálogo aberto entre paciente e médico, vigilância constante e consciência sobre os potenciais impactos no dia a dia. Usada com critério e responsabilidade, a medicação pode representar alívio e qualidade de vida; usada sem cuidado, pode gerar agravos e sofrimento.






