4º Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus celebra produção amazônica e formação de produtores locais
O estado do Pará está em festa com o 4º Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus, que começou na última terça-feira (14) e se estende até o dia 26 de janeiro. Com programação gratuita e inclusiva, o evento busca valorizar e divulgar produções audiovisuais de cineastas negros e povos originários da Amazônia, promovendo a representatividade e a preservação das narrativas locais.
Locais e Programação Diversificada
As atividades do festival acontecem no Museu da Imagem e do Som (MIS), no Palacete Faciola, e se expandem para as ilhas de Caratateua (Outeiro), Cotijuba, Mosqueiro e Maracujá, garantindo acesso às comunidades ribeirinhas e quilombolas.
O evento reúne uma rica programação com exibições de 40 obras, entre curtas-metragens, videoclipes, animações e outros formatos, todas dirigidas por pessoas negras ou povos indígenas. Além disso, oficinas de formação em fotografia, direção de arte e continuidade para cinema serão realizadas por nomes consagrados do audiovisual amazônico, como Lu Peixe, Maurício Moraes e Francisco Ricardo.
Homenagem e Premiação
Nesta edição, o festival presta homenagem a Felipa Maria Aranha, líder quilombola da região do Baixo Tocantins, reconhecida por sua luta e legado histórico. Ao final do evento, serão entregues os troféus Zélia Amador de Deus em cinco categorias, com prêmios que totalizam mais de R$ 9,5 mil.
Abertura e Destaques
A abertura oficial, no dia 18, será marcada pela exibição do documentário Ginga Reggae, da cineasta maranhense Nayra Albuquerque, na Estação Cultural de Icoaraci. A noite contará com apresentações musicais do grupo Os Falsos do Carimbó e da DJ Cleide Roots, em uma celebração da cultura amazônica.
Outro ponto alto da programação é o Fórum de Cineastas Negros, no dia 22, promovido com apoio da Associação de Profissionais Negros do Audiovisual. Nos dias 23 e 24, masterclasses com temas como coprodução de cinema indígena e montagem audiovisual serão ministradas por profissionais como Bitate Juma, Beka Munduruku e Mário Costa.
Legado e Resistência
O festival, que leva o nome da ativista e intelectual paraense Zélia Amador de Deus, é um marco para o movimento negro e indígena no Brasil. Zélia, fundadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa) e do Grupo de Estudos Afro-Amazônico (Geam/UFPA), é referência em luta pelos direitos e preservação cultural da Amazônia.
Com sua quarta edição, o evento não apenas celebra a riqueza cultural e artística da região, mas também contribui para a formação de novos talentos e a ampliação de vozes negras e indígenas no audiovisual brasileiro.